As colunas [sem surround]

7.14.2005

# 2

Bauhaus, In The Flat Field [4AD Records, 1980]

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Double Dare / In The Flat Field / A God In An Alcove / Drive / A Spy In The Cab / Small Talk Stinks / St. Vitus Dance / Stigmta Martyr / Nerves

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Os Bauhaus estreiam-se no formato longa-duração num ano que ficou em Portugal marcado pela explosão do "rock português" e por uma outra explosão que iria matar Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e acompanhantes. Lá fora Ian Curtis [vocalista dos míticos Joy Division] suicidava-se, John Bonham [baterista dos gigantescos Led Zeppelin] e Bon Scott [vocalista dos "cangurus" AC/DC] bebiam até à morte e John Lennon [ex-Beatles] era assassinado em Nova Iorque. O mundo perdia ainda o grande Alfred Hitchock e o filósofo Jean-Paul Sartre. À excepção da queda do Cessna de Sá Carneiro, tudo isto me passou ao lado. Nesse ano eu transitava da escola primária [a 200 metros de casa] para o ciclo prepatório [a 10 quilómetros], o que implicou o início de uma relação de oito anos com o combóio das 8h27, passava os fins de tarde de Verão a jogar à bola [o futebol viria uns anos depois...] no adro da igreja, paredes meias com o cemitério, e o resto do dia agarrado aos clássicos da literatura juvenil [Os Cinco, os heróis de Salgari]. Com 10 / 11 anos de idade a música não era ainda uma prioridade.

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Naturalmente, só ouvi
In The Flat Field uns anos depois da sua edição e nem sequer foi o primeiro disco dos Bauhaus que comprei [antes desse adquiri Burning From The Inside] mas os primeiros temas da banda de Peter Murphy, Kevin Haskins, Daniel Ash e David J que ouvi estão aqui: Double Dare, In The Flat Field e Stigmata Martyr marcaram o início de uma paixão duradoura que se reavivou há uns anos aquando da sua actuação no Pavilhão Atlântico [descobri nessa noite que ainda sabia de cor várias letras...]. Antes disso havia assistido a um concerto extraordinário de Peter Murphy [em 1988 no Rivoli do Porto], numa noite que acabou, por mero acaso, na Ribeira [no Aniki-Bóbó primeiro e no Meia-Cave depois]. Ainda hoje, mesmo raramente os ouvindo, a obra dos Bauhaus [essencialmente em vinil] ocupa um lugar priviligiado na minha discografia.