As colunas [sem surround]

7.19.2005

# 6

The Clash, London Calling [CBS, 1979]

Image hosted by Photobucket.com

London Calling / Brand New Cadillac / Jimmy Jazz / Hateful / Rudie Can't Fail / Spanish Bombs / The Right Profile / Lost in the Supermarket / Clampdown / The Guns of Brixton / Wrong 'Em Boyd / Death or Glory / Koka Kola / The Card Cheat / Lover's Rock / Four Horsemen / I'm Not Down / Revolution Rock / Train In Vain

.../...

O melhor álbum da mais politizada e versátil banda do movimento que em meados dos anos 70 abalou o mundo do rock [ou se calhar apenas Londres e Nova Iorque...]. Ouvi este disco já na segunda metade dos anos 80 [87, 88... Por aí] numa cassete, provavelmente BASF, que tanta audição deixaria num estado lamentável [entretanto comprei a edição especial saida por altura do 25º aniversário da edição original]. London Calling tem algumas das melhores canções gravadas pelos The Clash [London Calling, Rudie Can't Fail, Spanish Bombs, The Guns of Brixton ou Revolution Rock, por exemplo] e tem "só" uma das mais fantásticas linhas de baixo que alguma vez ouvi [obviamente a do tema título]. London Calling ganha ainda uma dimensão superior na história do punk - e do rock - pela abertura a [e mistura de] géneros musicais, à época, praticamente marginais. Foi com London Calling que percebi que o punk era muito mais que dois ou três acordes [mal tocados] e meio slogan [pseudo?] político. Com London Calling, ouvido vários anos após a sua edição original, percebi também que o punk estava já bem morto e enterrado, ao contrário da opinião de alguns teimosos [em finais dos anos 80 era corrente o dito Punk's not dead].
Anos depois haveria de encontrar Sandinista [demasiado longo] e Combat Rock [o princípio do fim dos Clash] num alfarrabista em Coimbra [aquele que fica mesmo debaixo do Arco de Almedina, por onde eu passava todos os dias]. Ainda haveria de ouvir o lamentável Cut The Crap [safam-se, à justa, This Is England e We Are The Clash...].

.../...

Tenho vagas lembranças do ano de 1979. Nesse ano começava despedir-me da escola primária e recordo ainda uma viagem de família à Bélgica [de combóio]. Lá por fora o Irão vivia um período atribulado com a fuga do Xá Reza Pahlavi e o regresso do Ayatollah Khomeini, que haveria de liderar a revolução islâmica, e ao lado - no Iraque - um certo Saddam Hussein tornava-se presidente; ainda mais ao lado, a União Soviética invadia o Afeganistão; na Casa Branca, o egípcio Anwar Sadat e o israelita Menachem Begin assinavam um tratado de paz; no Reino Unido Margaret Thatcher era eleita pela primeira vez e, por falar em primeira vez, o Papa João Paulo II visitava a sua Polónia natal naquela que foi a primeira visita oficial de um Papa a um país do bloco comunista. 1979 foi ainda o ano de quatro excelentes filmes: Alien com Sigourney Weaver, Apocalypse Now de Francis Ford Coppola, Mad Max com Mel Gibson e The Life of Brian dos delirantes Monty Python. Na música o disco sound dominava as tabelas de vendas, a new wave crescia, enquanto o punk definhava e a Sony colocava à venda o primeiro walkman [por si só uma revolução no consumo musical]. Por cá, vivia-se ainda [n]a ressaca do 25 de Abril e Maria de Lurdes Pintassilgo era nomeada líder do governo.