As colunas [sem surround]

11.29.2005

# 16

Pixies, Surfer Rosa [4AD, 1988]

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Bone Machine / Break My Body / Something Against You / Broken Face / Gigantic / River Euphrates / Where Is My Mind? / Cactus / Tony's Theme / Oh My Golly / Vamos / I'm Amazed / Brick Is Red

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Ah, os Pixies!... Ao contrário do que alguns dos meus amigos pensam não sou um GRANDE fã da banda de Charles Thompson a.k.a. Black Francis, Joey Santiago, Kim Deal e David Lovering. Foram - continuam a ser - uma banda admirável, mas nunca nutri pelos Pixies aquele tipo de devoção que nos leva a perdoar algumas infelizes decisões musicais [no seu caso, refiro-me a demasiados temas de Bossanova ou Trompe Le Monde]. Come On Pilgrim, Surfer Rosa e Doolittle são três albuns excepcionais e os seus temas resistem intactos à passagem dos anos. Surfer Rosa é o meu álbum de eleição dos Pixies. Ouvi-o pela primeira vez na íntegra, numa cassete gravado pelo P.S., juntamente com Doolittle [de 1989, se calhar tão bom como Surfer Rosa] no final dos anos 80 e o seu impacto em algumas das minhas convicções musicais foi imenso. Provavelmente, o que me terá atraiado em primeiro lugar para a música do quarteto foi a sua faceta punk, o desregramento vocal de Francis e as guitarras estridentes de Santiago. Logo a seguir deixei-me seduzir pela voz cristalina de Kim Deal e pelas suas inconfundíveis linhas de baixo e, finalmente, pelos ritmos certeiros de Lovering.
O que têm, ainda hoje, os Pixies de tão excepcional? Canções. Muitas canções. Quase todas grandes, enormes, canções. Tome-se Surfer Rosa como exemplo: pelo menos 11 dos 13 temas do disco são clássicos absolutos no espólio da banda - só Something Against You e Brick Is Red destoam - e muito ligeiramente - do altíssimo padrão de qualidade das restantes. Praticamente o mesmo se pode dizer de Doolittle.
Tive a felicidade de ver os Pixies em duas ocasiões. A primeira em 91, num memorável concerto no Coliseu do Porto que acabou com Where Is My Mind? a ser tocado com as luzes da sala já acesas. A segunda em Agosto passado no Festival de Paredes de Coura, onde Francis e companhia deram aos novatos que por lá tocaram uma verdadeira lição de como fazer música.

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[Texto recuperado do post sobre Daydream Nation dos Sonic Youth, 21.07.2005] Este disco saiu num ano [1988] em que eu me arrastava pelas salas de aula da FLUC aprendendo o que rapidamente esqueceria e do qual recordo principalmente os concertos de Pop Dell Arte com Mão Morta e de Peter Murphy no Porto, de Woodentops em Matosinhos, de Jesus and Mary Chain e Nick Cave em Lisboa e de Duruti Column e A Certain Ratio em Coimbra. Foi ainda nesse também que conheci a então ainda fervilhante Ribeira portuense. Nesse ano os Estados Unidos eram abalados pelo escândalo Irão-Contras [que envolvia altas patentes militares como John Poindexter ou o caricato Oliver North] e George Herbert Walker Bush era eleito sucessor de Ronald Reagan; a União Soviética aceitava retirar-se do cemitério afegão após anos de luta contra os rebeldes [parece que Bin Laden andava por lá, a soldo dos... Estados Unidos]; um milhão de mortos depois, o Iraque e o Irão punham fim à guerra que os opunha; na Escócia, terroristas líbios [a soldo de Khadafi, ao que consta, agora amigo da... União Europeia] faziam explodir o voo Pan Am 103 em Lockerbie fazendo 270 mortos e no Brasil era assassinado, por encomenda de proprietários de terras na Amazónia, o activista Chico Mendes. Por cá, vivia-se ainda a euforia dos primeiros anos do cavaquismo e dos fundos estruturais da CEE que, ao que nos diziam, haveriam de fazer de Portugal um país desenvolvido e civilizado. No Verão, a 28 de Agosto, o Chiado ardia.