# 15
Disposable Heroes of Hiphoprisy, Hipocrisy Is The Greatest Luxury [Island Records, 1992]
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Satanic Reverses / Famous and Dandy [Like Amos'n'Andy] / Television, The Drug of the Nation / Language of Violence / The Winter of the Long Hot Summer / Hipocrisy Is The Greatest Luxury / Everyday Life Has Become A Health Risk / INS Greencard A-19 191 500 /Socio-Genetic Experiment / Music and Politics / Financial Leprosy / California Uber Alles / Water Pistol Man
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A propósito de um post aqui escrito na passada sexta feira recuperei um dos melhores álbuns que alguma vez ouvi: Hipocrisy Is The Greatest Luxury dos Disposable Heroes of Hiphoprisy [DHOH], duo formado por Michael Franti [actualmente nos Spearhead] e Rono Tse. Habitualmente, este disco é classificado na categoria rap / hip-hop mas esse é um espartilho ao qual Hipocrisy... escapa com uma facilidade desarmante. Hipocrisy..., único álbum deste duo se não contarmos Spare Ass Annie [colaboração de William S. Burroughs com os DHOH], é uma obra notável, um manifesto político-musical coerente e consistente feito de duras críticas às sociedades capitalistas contemporâneas [particularmente aos Estados Unidos], aos seus mecanismos de perpetuação do poder e dos desiqulibrios sociais, aos seus preconceitos e aos seus mecanismos de exclusão. Musicalmente, Hipocrisy... é um disco variado, radicado no hip-hop mas muito para além desse género e abrindo novos horizontes a esse movimento como poucos o terão alguma vez feito e foi um dos discos que mais fez pela minha própria abertura a géneros musicais que, em certas alturas, jurei jamais ouvir. Eu, que não sou nem de perto nem de longe adepto de hip-hop ou de rap, ouvi este disco até à exaustão. Estranhamente, ou talvez não, só encontro um outro nome comparável a Michael Franti: Jello Biafra dos Dead Kennedys [a primeira banda de Franti - os Beatnigs - editaram mesmo pela Alternative Tentacles de Biafra e neste álbum há uma versão de California Uber Alles dos Kennedys], não musicalmente mas pelo empenho políticamente radical da sua música. Hipocrisy... é hoje, como há treze anos, um álbum muito incómodo.
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[Texto recuperado do post sobre Mutantes S.21 dos Mão Morta] 1992, ano da edição de Hipocrisy Is The Greatest Luxury, foi pessoalmente um ano de mudanças radicais: em Setembro saí de Coimbra, comecei a trabalhar [em Fornos de Algodres!] e em Dezembro [a 15] concluí a minha licenciatura. Nesse mesmo ano desaparecia a Jugoslávia; nos Estados Unidos o serial killer Jeffrey Dahmer, o boxeur Mike Tyson, o mafioso John Gotti e o o ex-líder do Panamá Manuel Noriega eram condenados a penas de prisão enquanto os polícias que espancaram Rodney King eram absolvidos, o que levaria a vários dias de motins em Los Angeles, Bill Clinton derrota George Bush e Ross Perot na presidenciais e no Brasil Fernando Collor de Melo abandonava a presidência por corrupção; no Reino Unido, Isabel II declarava 1992 annus horribilis [devido aos variados escândalos que ao longo desse ano abalaram a monarquia]. Este foi ainda o ano em que a Igreja Católica pediu desculpas pelo processo da Inquisção contra de Galileu Galilei. Por cá, continuava a esbanjar-se os milhões da Comunidade Europeia e Cavaco Silva ainda acreditava no "p'ogresso" e num "novo homem português".
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Satanic Reverses / Famous and Dandy [Like Amos'n'Andy] / Television, The Drug of the Nation / Language of Violence / The Winter of the Long Hot Summer / Hipocrisy Is The Greatest Luxury / Everyday Life Has Become A Health Risk / INS Greencard A-19 191 500 /Socio-Genetic Experiment / Music and Politics / Financial Leprosy / California Uber Alles / Water Pistol Man
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A propósito de um post aqui escrito na passada sexta feira recuperei um dos melhores álbuns que alguma vez ouvi: Hipocrisy Is The Greatest Luxury dos Disposable Heroes of Hiphoprisy [DHOH], duo formado por Michael Franti [actualmente nos Spearhead] e Rono Tse. Habitualmente, este disco é classificado na categoria rap / hip-hop mas esse é um espartilho ao qual Hipocrisy... escapa com uma facilidade desarmante. Hipocrisy..., único álbum deste duo se não contarmos Spare Ass Annie [colaboração de William S. Burroughs com os DHOH], é uma obra notável, um manifesto político-musical coerente e consistente feito de duras críticas às sociedades capitalistas contemporâneas [particularmente aos Estados Unidos], aos seus mecanismos de perpetuação do poder e dos desiqulibrios sociais, aos seus preconceitos e aos seus mecanismos de exclusão. Musicalmente, Hipocrisy... é um disco variado, radicado no hip-hop mas muito para além desse género e abrindo novos horizontes a esse movimento como poucos o terão alguma vez feito e foi um dos discos que mais fez pela minha própria abertura a géneros musicais que, em certas alturas, jurei jamais ouvir. Eu, que não sou nem de perto nem de longe adepto de hip-hop ou de rap, ouvi este disco até à exaustão. Estranhamente, ou talvez não, só encontro um outro nome comparável a Michael Franti: Jello Biafra dos Dead Kennedys [a primeira banda de Franti - os Beatnigs - editaram mesmo pela Alternative Tentacles de Biafra e neste álbum há uma versão de California Uber Alles dos Kennedys], não musicalmente mas pelo empenho políticamente radical da sua música. Hipocrisy... é hoje, como há treze anos, um álbum muito incómodo.
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[Texto recuperado do post sobre Mutantes S.21 dos Mão Morta] 1992, ano da edição de Hipocrisy Is The Greatest Luxury, foi pessoalmente um ano de mudanças radicais: em Setembro saí de Coimbra, comecei a trabalhar [em Fornos de Algodres!] e em Dezembro [a 15] concluí a minha licenciatura. Nesse mesmo ano desaparecia a Jugoslávia; nos Estados Unidos o serial killer Jeffrey Dahmer, o boxeur Mike Tyson, o mafioso John Gotti e o o ex-líder do Panamá Manuel Noriega eram condenados a penas de prisão enquanto os polícias que espancaram Rodney King eram absolvidos, o que levaria a vários dias de motins em Los Angeles, Bill Clinton derrota George Bush e Ross Perot na presidenciais e no Brasil Fernando Collor de Melo abandonava a presidência por corrupção; no Reino Unido, Isabel II declarava 1992 annus horribilis [devido aos variados escândalos que ao longo desse ano abalaram a monarquia]. Este foi ainda o ano em que a Igreja Católica pediu desculpas pelo processo da Inquisção contra de Galileu Galilei. Por cá, continuava a esbanjar-se os milhões da Comunidade Europeia e Cavaco Silva ainda acreditava no "p'ogresso" e num "novo homem português".
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