# 12
Nine Inch Nails, The Downward Spiral [Halo, 1994]
Mr. Self-Destruct / Piggy / Heresy / March of the Pigs / Closer / Ruiner / The Becoming / I Do Not Want This / Big Man With A Gun /A Warm Place / Eraser / Reptile / The Downward Spiral / Hurt
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A obra-prima dos Nine Inch Nails, The Downward Spiral é o disco em que Trent Reznor, o à época atormentado e agora aparentemente mais em paz líder dos NIN, melhor exibe todo o negrume que lhe ia no espírito: [a incapacidade para] o amor, o ódio, as tendências auto-destructivas, a pulsão para a morte. Em The Downward Spiral, Trent Reznor é vítima e carrasco e fustiga os seus ouvintes com uma intensidade dificilmente digerida por ouvidos sensíveis [e, na altura, mais atentos às lamúrias inconsequentes e inofensivas oriundas de uma certa cidade norte-americana...]. Um disco feito de canções [sim, por baixo de todo o barulho há canções] que mergulham fundo na crise existencial de Trent Reznor. Nunca como até então, o rock industrial havia sido tão pessoal e... intimista.
Antes de The Downward Spiral, já Reznor havia ameaçado a obra-prima com Pretty Hate Machine e voltou a tentá-lo depois, mas nunca atingindo o esplendor negro deste disco de 1994. Aliás, com The Fragile e With Teeth [os seus mais recentes álbuns de originais] andou longe da qualidade de The Downward Spiral [apesar da qualidade de ambos].
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Em 1994 eu abandonava a Figueira da Foz [onde regressaria profissionalmente alguns anos depois] e rumava a Mortágua [um verdadeira cú de Judas no distrito de Viseu, permanentemente coberto de nevoeiro]. O cavaquismo entrara já na sua fase de decadência, longe que iam já os anos de euforia que, aliás, nunca partilhei ou compreendi sem que o professor tivesse conseguido criar o tal "novo homem português" que os seus ideólogos haviam idealizado. Lá por fora, a Europa de Leste - especialmente a ex-Jugoslávia - vivia em convulsão; no último trimestre do ano os primeiros passageiros atravessam o Canal da Mancha pelo tunel que liga a França à Inglaterra; na África do Sul Nelson Mandela tomava posse como o primeiro presidente negro; Kurt Cobain, ídolo da época e suposto porta-voz de de uma geração punha fim à vida; o Brasil [e algum mundo] chorava a morte de Ayrton Senna em pleno Grande Prémio de San Marino mas no Verão o país sambava pela conquista de mais um Campeonato do Mundo de Futebol; nos Estados Unidos tinha lugar uma das primeiras telenovelas da vida real com o assassinato de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman às mãos de O.J. Simpson [antiga vedeta do futebol americano e actor falhado]. Nesse ano foram lançados álbuns de gente tão diversa como Aphex Twin, Autechre, Beck, Beastie Boys, Dinosaur Jr, Machine Head ou Stereolab mas isso é conversa para outros posts [série Ano de Colheita].
Mr. Self-Destruct / Piggy / Heresy / March of the Pigs / Closer / Ruiner / The Becoming / I Do Not Want This / Big Man With A Gun /A Warm Place / Eraser / Reptile / The Downward Spiral / Hurt
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A obra-prima dos Nine Inch Nails, The Downward Spiral é o disco em que Trent Reznor, o à época atormentado e agora aparentemente mais em paz líder dos NIN, melhor exibe todo o negrume que lhe ia no espírito: [a incapacidade para] o amor, o ódio, as tendências auto-destructivas, a pulsão para a morte. Em The Downward Spiral, Trent Reznor é vítima e carrasco e fustiga os seus ouvintes com uma intensidade dificilmente digerida por ouvidos sensíveis [e, na altura, mais atentos às lamúrias inconsequentes e inofensivas oriundas de uma certa cidade norte-americana...]. Um disco feito de canções [sim, por baixo de todo o barulho há canções] que mergulham fundo na crise existencial de Trent Reznor. Nunca como até então, o rock industrial havia sido tão pessoal e... intimista.
Antes de The Downward Spiral, já Reznor havia ameaçado a obra-prima com Pretty Hate Machine e voltou a tentá-lo depois, mas nunca atingindo o esplendor negro deste disco de 1994. Aliás, com The Fragile e With Teeth [os seus mais recentes álbuns de originais] andou longe da qualidade de The Downward Spiral [apesar da qualidade de ambos].
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Em 1994 eu abandonava a Figueira da Foz [onde regressaria profissionalmente alguns anos depois] e rumava a Mortágua [um verdadeira cú de Judas no distrito de Viseu, permanentemente coberto de nevoeiro]. O cavaquismo entrara já na sua fase de decadência, longe que iam já os anos de euforia que, aliás, nunca partilhei ou compreendi sem que o professor tivesse conseguido criar o tal "novo homem português" que os seus ideólogos haviam idealizado. Lá por fora, a Europa de Leste - especialmente a ex-Jugoslávia - vivia em convulsão; no último trimestre do ano os primeiros passageiros atravessam o Canal da Mancha pelo tunel que liga a França à Inglaterra; na África do Sul Nelson Mandela tomava posse como o primeiro presidente negro; Kurt Cobain, ídolo da época e suposto porta-voz de de uma geração punha fim à vida; o Brasil [e algum mundo] chorava a morte de Ayrton Senna em pleno Grande Prémio de San Marino mas no Verão o país sambava pela conquista de mais um Campeonato do Mundo de Futebol; nos Estados Unidos tinha lugar uma das primeiras telenovelas da vida real com o assassinato de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman às mãos de O.J. Simpson [antiga vedeta do futebol americano e actor falhado]. Nesse ano foram lançados álbuns de gente tão diversa como Aphex Twin, Autechre, Beck, Beastie Boys, Dinosaur Jr, Machine Head ou Stereolab mas isso é conversa para outros posts [série Ano de Colheita].
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