# 10
Nick Cave & The Bad Seeds, Tender Prey [Mute Records, 1988]
The Mercy Seat / Up Jumped The Devil / Deanna / Watching Alice / Mercy / City of Refuge / Slowly Goes The Night / Sunday's Slave / Sugar Sugar Sugar / New Morning
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Tender Prey ou Your Funeral, My Trial? Fico sempre dividido entre estas duas obras-primas do anjo negro da Austrália, mas acabo invariavelmente por escolher Tender Prey, talvez por razões sentimentais: foi o disco que serviu de base ao seu primeiro concerto em Portugal [Pavilhão Carlos Lopes em Lisboa]. The Mercy Seat, Deanna, Watching Alice, Sugar Sugar Sugar ou New Morning são clássicos absolutos na carreira de Nick Cave e poderiam figurar em qualquer best off. Em Tender Prey Nick Cave elevou a fasquia da sua obra a um ponto de difícil superação [quanto a mim, jamais o homem conseguiu editar um tão sólido conjunto de canções] e daí para a frente assinou alguns trabalhos [The Good Son ou Boatman's Call, principalmente] que eu considero pouco mais que lamentáveis se comparados com este disco [ou com Your Funeral, My Trial ou From Her To Eternity], construindo um trajecto algo irregular e regressando à boa forma apenas com Nocturama e Abbatoir Blues / The Lyre Of Orpheus.
Vi Nick Cave pela primeira vez em Dezembro de 1988 no Pavilhão Carlos Lopes [Lisboa] e mais tarde nos Coliseus do Porto [1992] e de Lisboa [1994] e, muito recentemente, em Paredes de Coura, mas na memória ficou-me sempre marcado o primeiro e nem a sua actuação em Paredes de Coura há menos de uma semana foi suficiente para macular essa memória.
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[Texto recuperado do post sobre Daydream Nation dos Sonic Youth, 21.07.2005] Este disco saiu num ano [1988] em que eu me arrastava pelas salas de aula da FLUC aprendendo o que rapidamente esqueceria e do qual recordo principalmente os concertos de Pop Dell Arte com Mão Morta e de Peter Murphy no Porto, de Woodentops em Matosinhos, de Jesus and Mary Chain e Nick Cave em Lisboa e de Duruti Column e A Certain Ratio em Coimbra. Foi ainda nesse também que conheci a então ainda fervilhante Ribeira portuense. Nesse ano os Estados Unidos eram abalados pelo escândalo Irão-Contras [que envolvia altas patentes militares como John Poindexter ou o caricato Oliver North] e George Herbert Walker Bush era eleito sucessor de Ronald Reagan; a União Soviética aceitava retirar-se do cemitério afegão após anos de luta contra os rebeldes [parece que Bin Laden andava por lá, a soldo dos... Estados Unidos]; um milhão de mortos depois, o Iraque e o Irão punham fim à guerra que os opunha; na Escócia, terroristas líbios [a soldo de Khadafi, ao que consta, agora amigo da... União Europeia] faziam explodir o voo Pan Am 103 em Lockerbie fazendo 270 mortos e no Brasil era assassinado, por encomenda de proprietários de terras na Amazónia, o activista Chico Mendes. Po cá, vivia-se ainda a euforia dos primeiros anos do cavaquismo e dos fundos estruturais da CEE que, ao que nos diziam, haveriam de fazer de Portugal um país desenvolvido e civilizado. No Verão, a 28 de Agosto, o Chiado ardia.
The Mercy Seat / Up Jumped The Devil / Deanna / Watching Alice / Mercy / City of Refuge / Slowly Goes The Night / Sunday's Slave / Sugar Sugar Sugar / New Morning
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Tender Prey ou Your Funeral, My Trial? Fico sempre dividido entre estas duas obras-primas do anjo negro da Austrália, mas acabo invariavelmente por escolher Tender Prey, talvez por razões sentimentais: foi o disco que serviu de base ao seu primeiro concerto em Portugal [Pavilhão Carlos Lopes em Lisboa]. The Mercy Seat, Deanna, Watching Alice, Sugar Sugar Sugar ou New Morning são clássicos absolutos na carreira de Nick Cave e poderiam figurar em qualquer best off. Em Tender Prey Nick Cave elevou a fasquia da sua obra a um ponto de difícil superação [quanto a mim, jamais o homem conseguiu editar um tão sólido conjunto de canções] e daí para a frente assinou alguns trabalhos [The Good Son ou Boatman's Call, principalmente] que eu considero pouco mais que lamentáveis se comparados com este disco [ou com Your Funeral, My Trial ou From Her To Eternity], construindo um trajecto algo irregular e regressando à boa forma apenas com Nocturama e Abbatoir Blues / The Lyre Of Orpheus.
Vi Nick Cave pela primeira vez em Dezembro de 1988 no Pavilhão Carlos Lopes [Lisboa] e mais tarde nos Coliseus do Porto [1992] e de Lisboa [1994] e, muito recentemente, em Paredes de Coura, mas na memória ficou-me sempre marcado o primeiro e nem a sua actuação em Paredes de Coura há menos de uma semana foi suficiente para macular essa memória.
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[Texto recuperado do post sobre Daydream Nation dos Sonic Youth, 21.07.2005] Este disco saiu num ano [1988] em que eu me arrastava pelas salas de aula da FLUC aprendendo o que rapidamente esqueceria e do qual recordo principalmente os concertos de Pop Dell Arte com Mão Morta e de Peter Murphy no Porto, de Woodentops em Matosinhos, de Jesus and Mary Chain e Nick Cave em Lisboa e de Duruti Column e A Certain Ratio em Coimbra. Foi ainda nesse também que conheci a então ainda fervilhante Ribeira portuense. Nesse ano os Estados Unidos eram abalados pelo escândalo Irão-Contras [que envolvia altas patentes militares como John Poindexter ou o caricato Oliver North] e George Herbert Walker Bush era eleito sucessor de Ronald Reagan; a União Soviética aceitava retirar-se do cemitério afegão após anos de luta contra os rebeldes [parece que Bin Laden andava por lá, a soldo dos... Estados Unidos]; um milhão de mortos depois, o Iraque e o Irão punham fim à guerra que os opunha; na Escócia, terroristas líbios [a soldo de Khadafi, ao que consta, agora amigo da... União Europeia] faziam explodir o voo Pan Am 103 em Lockerbie fazendo 270 mortos e no Brasil era assassinado, por encomenda de proprietários de terras na Amazónia, o activista Chico Mendes. Po cá, vivia-se ainda a euforia dos primeiros anos do cavaquismo e dos fundos estruturais da CEE que, ao que nos diziam, haveriam de fazer de Portugal um país desenvolvido e civilizado. No Verão, a 28 de Agosto, o Chiado ardia.
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