As colunas [sem surround]

12.23.2005

# 18

Xutos & Pontapés, Cerco [Dansa do Som, 1985]

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Barcos Gregos / Homem do Leme / Cerco / Conta-me Histórias / Vôo das Águias / Sexo

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Há muitos anos [custa usar esta expressão...] tive, como muita gente da minha "geração" a minha fase Xutos & Pontapés. Comprei discos, fui a concertos, cruzei os braços em X. Nunca tive um lenço vermelho, porém. Até 1988 foram uma das minhas bandas de eleição, mas a partir daí [depois do álbum 88] nunca mais ouvi um disco deles do principio ao fim [excepção feita a 1º de Agosto no Rock Rendez Vous, gravado em 1986 e editado há cinco anos].
Cerco é a sua obra-prima. Em 6 temas, gravados em condições precárias no Rock Rendez Vous, os Xutos construiram um disco memorável que não os transformou em estrelas do rock luso [isso aconteceria com Circo de Feras] mas que os [re]afirmou como uma banda de princípios vincados, inconformada, rebelde e independente. Cerco é, sem dúvida, um dos discos da minha vida, banda sonora de boa parte da minha adolescência pelo menos. Talvez mais do que a música, aquilo que me [nos?] atraía nos Xutos era a sua capacidade de em palavras simples dizerem muito do que sentia[mos]: o desemprego [ou a sua perspectiva] em Barcos Gregos, a vontade de fugir em Homem do Leme, a opressão e a recusa da autoridade em Cerco e Vôo das Águias, o amor e o sexo em Conta-me Histórias e... Sexo.

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[Texto recuperado do post sobre Psychocandy dos Jesus and the Mary Chain]
Em 1985, Portugal elegia pela primeira vez Cavaco Silva primeiro ministro [ainda sem maioria absoluta], na Grã-Bretanha fazia-se a primeira chamada de telemóvel, na União Soviética Mikhail Gorbatschev chegava a líder do PCUS, na Nova Zelândia o navio Rainbow Warrior [da Greenpeace] era alvo de atentado à bomba e afundado [cortesia dos serviços secretos franceses], nos Estados Unidos era publicada a primeira tira de Calvin & Hobbes em Londres e Nova Iorque acontecia o Live Aid [o tal que agora vai ser repetido]. Nesse ano eu transitava do 10º para o 11º ano e musicalmente dividia-me entre o que na altura se designava como som da frente e o heavy metal [perante a incompreensão de headbangers e vanguardistas...].

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[Cerco não é o meu disco favorito dos Xutos & Pontapés. Essa distinção vai para o single de 1984 Remar Remar / Longa Se Torna A Espera, mas nesta série sobre alguns dos discos da minha vida optei por me cingir a álbuns.]

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