Pixies,
Surfer Rosa [
4AD, 1988]
Bone Machine /
Break My Body /
Something Against You /
Broken Face /
Gigantic /
River Euphrates /
Where Is My Mind? /
Cactus /
Tony's Theme /
Oh My Golly /
Vamos /
I'm Amazed /
Brick Is Red.../...
Ah, os
Pixies!... Ao contrário do que alguns dos meus amigos pensam não sou um GRANDE fã da banda de
Charles Thompson a.k.a. Black Francis,
Joey Santiago,
Kim Deal e
David Lovering. Foram - continuam a ser - uma banda admirável, mas nunca nutri pelos
Pixies aquele tipo de devoção que nos leva a perdoar algumas infelizes decisões musicais [no seu caso, refiro-me a demasiados temas de
Bossanova ou
Trompe Le Monde].
Come On Pilgrim,
Surfer Rosa e
Doolittle são três albuns excepcionais e os seus temas resistem intactos à passagem dos anos.
Surfer Rosa é o meu álbum de eleição dos
Pixies. Ouvi-o pela primeira vez na íntegra, numa cassete gravado pelo
P.S., juntamente com
Doolittle [de 1989, se calhar tão bom como
Surfer Rosa] no final dos anos 80 e o seu impacto em algumas das minhas convicções musicais foi imenso. Provavelmente, o que me terá atraiado em primeiro lugar para a música do quarteto foi a sua faceta
punk, o desregramento vocal de Francis e as guitarras estridentes de Santiago. Logo a seguir deixei-me seduzir pela voz cristalina de Kim Deal e pelas suas inconfundíveis linhas de baixo e, finalmente, pelos ritmos certeiros de Lovering.
O que têm, ainda hoje, os
Pixies de tão excepcional? Canções. Muitas canções. Quase todas grandes, enormes, canções. Tome-se
Surfer Rosa como exemplo: pelo menos 11 dos 13 temas do disco são clássicos absolutos no espólio da banda - só
Something Against You e
Brick Is Red destoam - e muito ligeiramente - do altíssimo padrão de qualidade das restantes. Praticamente o mesmo se pode dizer de
Doolittle.
Tive a felicidade de ver os
Pixies em duas ocasiões. A primeira em 91, num memorável concerto no
Coliseu do Porto que acabou com
Where Is My Mind? a ser tocado com as luzes da sala já acesas. A segunda em Agosto passado no
Festival de Paredes de Coura, onde Francis e companhia deram aos novatos que por lá tocaram uma verdadeira lição de como fazer música.
.../...
[Texto recuperado do
post sobre Daydream Nation dos
Sonic Youth, 21.07.2005] Este disco saiu num ano [1988] em que eu me arrastava pelas salas de aula da
FLUC aprendendo o que rapidamente esqueceria e do qual recordo principalmente os concertos de
Pop Dell Arte com
Mão Morta e de
Peter Murphy no Porto, de
Woodentops em Matosinhos, de
Jesus and Mary Chain e
Nick Cave em Lisboa e de
Duruti Column e
A Certain Ratio em Coimbra. Foi ainda nesse também que conheci a então ainda fervilhante Ribeira portuense. Nesse ano os
Estados Unidos eram abalados pelo escândalo
Irão-Contras [que envolvia altas patentes militares como John Poindexter ou o caricato Oliver North] e
George Herbert Walker
Bush era eleito sucessor de
Ronald Reagan; a
União Soviética aceitava retirar-se do cemitério afegão após anos de luta contra os rebeldes [parece que Bin Laden andava por lá, a soldo dos... Estados Unidos]; um milhão de mortos depois, o
Iraque e o
Irão punham fim à guerra que os opunha; na
Escócia, terroristas líbios [a soldo de Khadafi, ao que consta, agora amigo da... União Europeia] faziam explodir o voo
Pan Am 103 em
Lockerbie fazendo 270 mortos e no
Brasil era assassinado, por encomenda de proprietários de terras na
Amazónia, o activista
Chico Mendes. Por cá, vivia-se ainda a euforia dos primeiros anos do cavaquismo e dos fundos estruturais da
CEE que, ao que nos diziam, haveriam de fazer de
Portugal um país desenvolvido e civilizado. No Verão, a 28 de Agosto, o
Chiado ardia.